quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Indisciplina na Escola

Em artigo na página 46 do jornal “Público” de hoje, Santana Castilho, escreve: …”durante o ano lectivo de 2015/16, registaram[-se] 5051 ocorrências do foro criminal nas escolas portuguesas, isto é, 500 por mês, em média. No ano anterior haviam sido registadas 3930”. E sublinha que “não se trata de incidentes disciplinares”, antes foram “ocorrências que caem sob a alçada do Código Penal”. A somar, “a PSP teve ainda que intervir em mais 2001 situações de outro tipo”.
E continua: “Aquando de casos mais graves de violência em meio escolar, verifica-se, por parte das autoridades respectivas, uma propensão para dissimular os acontecimentos”, anotando mais adiante, …“a indisciplina é hoje um dos maiores problemas, senão o maior, do sistema de ensino e (…) há uma evidente crise de autoridade na escola”. Porém, continuando a citar, “do ponto de vista interno, [há] falta de coragem para adoptar políticas adequadas à solução dos problemas”; o que existe materializa-se “numa lei inadequada que introduziu no processo disciplinar o método processual penal, com (…) prazos, audições e garantias pedagógicas desadequadas,” o que permite “a proliferação de pequenos marginais”; e, “do ponto de vista externo, [há] crescente demissão dos pais para imporem a disciplina aos filhos.”
(…)
E prossegue: “Os alunos indisciplinados criam problemas graves, que perturbam a vida da comunidade. A escola deve fazer o possível para os ajudar. Mas antes tem a obrigação de proteger os outros e não permitir que os primeiros lhes tornem a vida impossível.” [E a aprendizagem, realço eu…]
(…)
Se em casa não há meio de regular o carácter “intenso e até tumultuoso” das emoções dos jovens, “temos que dar instrumentos à escola para enfrentar o obstáculo.”
(…)
E termina, escrevendo: “Uma forma de ignorar o problema da indisciplina é não o assumir como coisa da sociedade e da escola e torná-lo coisa do professor, cuja função é mediar a aprendizagem dos alunos [eu preferiria dizer: “ensinar os alunos”] e não gerir conflitos provocados por comportamentos disruptivos. Tenhamos presente que essa função é constantemente secundarizada, quando não anulada, pela indisciplina e que grande parte do tempo lectivo é ocupada com a gestão de conflitos, quando devia ser usada com a gestão das aprendizagens”.

Uma análise objectiva e rigorosa, traduzida num diagnóstico realista que aponta para soluções que não podem deixar de ser possíveis tanto quanto são desejáveis.
Cadê, a coragem?
Parabéns e obrigado a Santana Castilho.

José Batista d’Ascenção

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