domingo, 28 de janeiro de 2018

Biodiversidade, com belas imagens (fotos) em exposição…

Está aberta à comunidade escolar, na biblioteca da Escola Secundária Carlos Amarante (ESCA), em Braga, uma exposição sobre biodiversidade, sobretudo de aves, com inclusão de exemplares de mamíferos, de anfíbios e de insectos, motivada por uma conferência sobre o aumento da biodiversidade urbana (que tem vindo a registar-se nos tempos recentes), a proferir pelo Professor Doutor Jorge Paiva, amanhã, segunda-feira, dia 29 do mês em curso, às 15 horas, no auditório da ESCA.
As fotografias são, na sua maioria, da autoria do Professor António Carlos (do grupo de Educação Física da ESCA), dinamizador do clube de fotografia da escola, mas também da Professora Graça Borges, do mesmo grupo de Educação Física da nossa Escola e do fotógrafo João Nave. O Professor António Carlos leu e releu artigo competente do Doutor Jorge Paiva e fez-se à procura e ao trabalho, durante meses. O trabalho científico de identificação e nomenclatura coube à Professora Paula Jacinto, de Biologia e Geologia, também da ESCA.
O fotógrafo: Prof. António Carlos
De grande qualidade e rigor documental, todas as fotografias têm interesse técnico, científico, artístico e cultural. Por motivos de limitação do espaço e de estruturas de suporte, muitas outras fotografias, tantas como as que estão expostas, ficaram (ainda) por mostrar. E foi difícil escolher, muito difícil, o que atesta a valia de cada exemplar e de todo o acervo relativo ao tema.
Tendo tomado conhecimento da história de captação de algumas das fotos, nalguns casos obtidas próximo da escola (e noutros não…) soube, por exemplo, que a fotografia de um guarda-rios (Alcedo atthis) foi tirada na foz do rio Cávado, ao fim de uma espera de cerca de três horas, com lodo até aos joelhos e chuva a cair. E quando parecia que todo o tempo tinha sido em vão, surgiu aquela ave magnificamente colorida a posar para a câmara e a resgatar o dia. A prova está ao lado, sendo que é uma fraca fotografia de telefone móvel do quadro exposto, desmerecendo a bonita imagem que está debaixo do vidro acessível aos olhos de qualquer visitante (sem o indesejável reflexo de luz).
O «guarda-rios»
Deleitado fiquei eu em frente a cada uma das molduras, que não me canso de olhar. Por exemplo, a do «alfaiate» (Gerris lacustris) sobre a «toalha líquida» elucida maravilhosamente um facto chamado «tensão superficial» da água devido às suas características moleculares: como a molécula de água (H2O) é constituída por dois átomos de hidrogénio e um de oxigénio, acontece que, por ter mais carga positiva no núcleo, o átomo de oxigénio puxa mais para si os electrões (diz-se que é mais electronegativo) do que os átomos de hidrogénio (que são menos electronegativos), donde resulta que a distribuição espacial de electrões na molécula é desigual, «adensando» a carga negativa do lado do oxigénio e «aligeirando-a» do lado dos hidrogénios. Então, cada molécula de água, cuja carga total é (obviamente) neutra, funciona como um pequeno íman em relação às que lhe estão próximas, sendo que as diferentes moléculas se atraem pelas zonas de polaridade oposta. Em consequência as moléculas de água apresentam uma certa coesão entre si. Porém, a força de atracção das moléculas à superfície é diferente da força que ocorre entre as moléculas abaixo da superfície, porque aí as moléculas de água são atraídas por outras em todas as direcções e com a mesma força. Como as moléculas à superfície apenas são puxadas por outras ao lado e abaixo, isso causa a contracção superficial do líquido, transformando-o numa espécie de película elástica.
Na foto ao centro: o «alfaiate»
Como o «alfaiate» é leve e tem umas patas longas, as extremidades destas assentam na superfície líquida e empurram-na para baixo, criando depressões («covas»…) muito bem visíveis na foto ao lado. Assim, os «afaiates» não nadam, eles caminham ou correm na superfície da água sem «molhar os pés». E aquelas «covinhas» desfazem-se de imediato, logo que o animal levanta cada uma das extremidades, tal como acontece com as deformidades causadas pelos nossos pés quando, sobre um colchão, os levantamos.
Deliciado fiquei também com a fotografia de uma rã que é uma lição multi-ilustrada sobre o mimetismo relativamente à cor do substrato em que o animal se encontra. Vá ver quem duvide e peça explicação, se não estiver a perceber…
Esta exposição vai permanecer na biblioteca da ESCA o tempo que se justificar. E, como alguém sugeriu no momento da montagem, talvez fosse bom divulgá-la e abri-la a quaisquer interessados e não apenas aos chamados elementos da comunidade educativa. Todos ganhavam.
Um grande obrigado aos fotógrafos, Professores António Carlos e Graça Borges e a João Nave, e à Professora Paula Jacinto.

José Batista d’Ascenção

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