Foto de Abílio Vitorino |
As bibliotecas não foram ao longo do tempo, tanto quanto é a minha percepção, lugares particularmente frequentados pela generalidade dos portugueses, por razões várias, que não me proponho analisar. Por agora, quero apenas registar uma curta nota sobre uma biblioteca escolar que conheço bem e que frequento todas as semanas. Não que tenha livros em quantidade e variedade como eu gosto (continuo a gostar…) que uma biblioteca tenha. De resto, quando ali me recolho para tarefas diversas, regra geral, nem é para requisitar ou usar os livros da biblioteca. É que aquele é um espaço muito agradável, porque o é fisicamente, mas é-o sobretudo porque é servido por pessoas excelentes: simpáticas, prestáveis, eficazes, e… simples.
Foto do álbum de Gracinda Cerqueira e Elisabete Baía |
Gosto da sua luz, em todas as salas, especialmente as três destinadas a trabalho individual ou em grupo, e do amplo corredor que serve os seus espaços, que leva, no extremo, a uma outra sala de mini-conferências e exposições, onde permanece mobiliário antigo da escola antes das obras recentes de requalificação, e que acomoda parte do espólio de peças que fazem parte da história do edifício e da instituição, umas mais antigas e outras mais recentes; esse corredor dá também para a «sala Dória», mais um espaço adstrito à biblioteca que, por necessidade, tem funcionado como sala de aula. Gosto do mobiliário novo, de madeira. Gostaria que a sala de computadores, como o resto da escola, dispusesse de uma velocidade de acesso à rede global mais rápida (mesmo admitindo que isso iria aumentar desmesuradamente os pretendentes à utilização, nem sempre para pesquisa e trabalho…). Gosto do seu ambiente e sinto-me bem por conseguir pensar e trabalhar ali, um local onde não se abate qualquer pesada e sorumbática penumbra, nem reina um silêncio tumular: os alunos, quando em grupo, na sala das mesas grandes, e também os professores, fazem algum ruído, mas as funcionárias – agora deve dizer-se auxiliares… - conseguem razoavelmente que os decibéis não atinjam o nível do desconforto.
A biblioteca da Escola Secundária Carlos Amarante (ESCA), desde que a conheço (há duas décadas) sempre funcionou bem, no meu critério. As suas equipas coordenadoras, de antes e depois de formação específica, sempre puseram a alma na função, que é o principal. A actual também, claro: Como coordenadora está a professora Margarida Dias e no contacto directo com os utilizadores estão a D. Gracinda Cerqueira, a D. Elisabete Baía e a D. Dores Peixoto. Estas senhoras gostam do que fazem, sabem ser firmes e assertivas com os alunos, sem gritar com eles, funcionando eficazmente de modo próximo e conciliador. Já com os professores são amáveis sem subserviência, tratando-os com a simplicidade, carinho e disponibilidade das pessoas intrinsecamente boas. Pela parte delas, tudo o que se lhes pede procuram resolver com cabeça e desembaraço e com a alma grata e sorridente apenas pela possibilidade de serem úteis.
As bibliotecas escolares procuram envolver-se em concursos, intercâmbios, sessões e actividades diversas, sujeitas a avaliações estatísticas frias em plataformas digitais, tudo às vezes mais formal do que funcional, mais parecendo do que sendo.
Por mim, prefiro aquelas onde nos sentimos bem, fazendo bem o que ali nos propomos fazer. E isso é mais de viver e testemunhar do que de aferir em estatísticas mais ou menos artificiais e tendencialmente caseiras.
Têm a sorte, que devia ser um direito exercido, os que podem usufruir de bibliotecas geridas e cuidadas por equipas de pessoas como as da ESCA, que, não por acaso, têm a «casa» quase sempre cheia.
Com reconhecimento sentido escrevi este texto - Obrigado.
Nota: A fim de não colidir com o direito à reserva de imagem de quaisquer utilizadores, optou-se por fotos que apenas documentam os espaços e o mobiliário. Uma tal restrição não se aplica, naturalmente, aos membros da equipa encarregada da biblioteca, pelo que, com muito gosto, se publicará alguma foto em que em que figurem, logo que seja disponibilizada.
José Batista d'Ascenção
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