sábado, 7 de abril de 2018

Eis-nos na recta final do ano lectivo

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Muitos dos jovens do 3º ciclo do ensino básico e do ensino secundário estão com vontade de retomar a escola, depois do interregno da Páscoa. E os seus pais estarão ansiosos por isso. Ideal seria que idêntica vontade animasse os alunos para voltarem às aulas e ao esforço do estudo, mas não se pode pedir tudo. E, se bem me lembro, no meu tempo, já o fim das férias era vivido com tristeza. Então, para muitos estudantes, a escola desagradava em todos os aspectos. Outros tempos. 
Estas semanas que faltam até meio de Junho são um saltinho, ou, em linguagem de professor, cujos discípulos vão a exame, uma corrida contra o tempo. E para os alunos nessas condições um aproximar de obstáculos a ultrapassar com ansiedade. Para os pais, a proximidade crescente de momentos decisivos para o futuro dos filhos. Todos estão na expectativa. Alguns estudantes muito diligentes, outros procrastinando quanto possível, vulgo «empurrar com a barriga para a frente», e outros ainda desacreditando de si, porventura odiando professores, livros e escola e o mais que seja… Mas todos os jovens estão na escola, e ainda bem.
Quando aos exames são coisa que sempre houve (e há, mesmo quando parece que não…), uns bem feitos e outros não, com alunos bem preparados e outros assim-assim e outros nem assim-assim nem lá perto.
Seja como for, a escola é um privilégio que devíamos, pelo menos os adultos, viver com grande júbilo e não menor aplicação. Aprender é um direito e é preciso ensinar bem. Gostar de aprender devia ser um desejo, mais que uma obrigação, mas é da natureza das crianças não o perceber, pelo menos de modo universal. Maior, por isso, é o dever estrito e a responsabilidade dos professores e a obrigação dos pais. Aos primeiros compete cumprir, com o entusiasmo possível, a nobre missão docente e aos segundos cabe acompanhar os seu filhos e facilitar a tarefa dos professores e colaborar com eles. Não pode haver cidadania democrática se não houver carinho pela escola e zelo pela sua função. E (n)o futuro depende(mos) disso.
Em livrinho que muito prezo (1) há logo na introdução um parágrafo que reza assim: «O tempo que estamos a viver alarga o fosso entre os que estudam e, assim, aspiram e conquistam o direito à cidadania, e os outros, os que não vêem qualquer interesse no estudo. Em complemento da sua nobre missão de ensinar, o professor deve fazer sentir esta realidade aos seus alunos, em especial aos mais desprotegidos e atingidos pela exclusão social que grassa em tantas escolas marcadas pela suburbanidade crescente que caracteriza as sociedades desenvolvimentistas. Transmitir esta mensagem aos jovens é um dever moral dos professores, essencial na luta contra o insucesso escolar e pelo direito a uma condição humana da maior dignidade. Não é fácil, mas não é impossível esta tarefa. É bom lembrar que cidadania e conhecimento são indissociáveis e, assim, este tem forçosamente de ser democrático.»
Com a leitura deste parágrafo aos meus alunos conto iniciar as aulas do 3º período.

(1) Galopim de Carvalho, A. M. (2017). «O Avô e os Netos Falam de Geologia». Ancora editora.

José Batista d’Ascenção

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