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O tempo de serviço de qualquer profissional não pode ser amputado ou apagado ou ignorado, por todas as razões. Quem trabalhou trabalhou, ponto.
Coisa diferente é pensar que o país tem economia e finanças capazes de satisfazer as reivindicações salariais de diversos sectores profissionais, como se não dependêssemos do contexto internacional (quem está disposto e emprestar-nos e em que condições?). Bem sei que há a política e os políticos e todos os poderosos e os abusos que se cometem e os roubos que se praticam (os conhecidos, aqueles de que se suspeita e até os que não sabe(re)mos (nunca) que acontece(ra)m…). Mas com todos a gritar e a exigir, naquela ideia clássica, traduzida na expressão pouco elegante de que «quem não chora não mama», há-de haver sempre os que ficam de fora das prioridades, que são inevitavelmente os mais frágeis, como é o caso dos professores, apesar de serem muitos
O dinheiro faz falta, naturalmente, mas, se ao menos se eliminasse muita da burocracia das escolas, libertando os professores de tarefas não lectivas e poupando-lhes horas de esforço inútil, em articulação com um faseamento compatível do aumento dos vencimentos correspondentes aos escalões devidos, em cumprimento do legalmente estatuído, e considerando a passagem à reforma mais cedo, até como compensação, havia de haver forma matemática e contabilística de se chegar a alguma razoabilidade aceitável para as diferentes partes.
De contrário estamos como estamos: Todos fartos de todos. Às 20.00 horas sentei-me frente à tv, sintonizando o canal 1 do serviço público, porque me interessava ver o modo como tratariam as manifestações de professores e de enfermeiros. Foi penoso. Primeiro os longuíssimos minutos com a escandaleira e a demência dos dirigentes de um clube futebolístico. Depois um casamento cor-de-rosa em Inglaterra, com directo e enviada especial muito aplicada e pormenores sobre o vestido da noiva, com decote «em barco», alianças de ouro e outros pormenores igualmente «importantes»… A seguir o problema (sério) da obesidade. Só às 20.21 horas foi referida a manifestação reivindicativa dos professores, durante dois minutos, sem um grande plano que mostrasse o nível de participação (se a ideia tiver sido a de ocultar, então devem ter estado muitos…). Depois dos professores os enfermeiros, igualmente a despachar…
Claro que há aqui um ponto importante a considerar: dizem-me que os meios de comunicação (talvez devam mudar-lhes o nome…) dão (ou fabricam…) as notícias que os consumidores querem ver/ouvir. Se for verdade, as pessoas estão fartas de quem reivindica, mesmo que justamente. E todos estão fartos de todos, repito, pelo que os poderes podem esmagar ou ignorar quem protesta, com o apoio (no mínimo) consentido dos restantes. Chegámos aqui. Pela minha parte discordo, porque tenho outra ordem de prioridades e porque ajudo a pagar os meios de comunicação do estado com os meus impostos. Mas o problema vai para além disso. O meu portal de acesso à rede, por exemplo, também não faz chamadas relevantes para os assuntos que me interessam.
Resta-me a solidão destes escritos e o olvido sob que repousarão.
José Batista d’Ascenção
Coisa diferente é pensar que o país tem economia e finanças capazes de satisfazer as reivindicações salariais de diversos sectores profissionais, como se não dependêssemos do contexto internacional (quem está disposto e emprestar-nos e em que condições?). Bem sei que há a política e os políticos e todos os poderosos e os abusos que se cometem e os roubos que se praticam (os conhecidos, aqueles de que se suspeita e até os que não sabe(re)mos (nunca) que acontece(ra)m…). Mas com todos a gritar e a exigir, naquela ideia clássica, traduzida na expressão pouco elegante de que «quem não chora não mama», há-de haver sempre os que ficam de fora das prioridades, que são inevitavelmente os mais frágeis, como é o caso dos professores, apesar de serem muitos
O dinheiro faz falta, naturalmente, mas, se ao menos se eliminasse muita da burocracia das escolas, libertando os professores de tarefas não lectivas e poupando-lhes horas de esforço inútil, em articulação com um faseamento compatível do aumento dos vencimentos correspondentes aos escalões devidos, em cumprimento do legalmente estatuído, e considerando a passagem à reforma mais cedo, até como compensação, havia de haver forma matemática e contabilística de se chegar a alguma razoabilidade aceitável para as diferentes partes.
De contrário estamos como estamos: Todos fartos de todos. Às 20.00 horas sentei-me frente à tv, sintonizando o canal 1 do serviço público, porque me interessava ver o modo como tratariam as manifestações de professores e de enfermeiros. Foi penoso. Primeiro os longuíssimos minutos com a escandaleira e a demência dos dirigentes de um clube futebolístico. Depois um casamento cor-de-rosa em Inglaterra, com directo e enviada especial muito aplicada e pormenores sobre o vestido da noiva, com decote «em barco», alianças de ouro e outros pormenores igualmente «importantes»… A seguir o problema (sério) da obesidade. Só às 20.21 horas foi referida a manifestação reivindicativa dos professores, durante dois minutos, sem um grande plano que mostrasse o nível de participação (se a ideia tiver sido a de ocultar, então devem ter estado muitos…). Depois dos professores os enfermeiros, igualmente a despachar…
Claro que há aqui um ponto importante a considerar: dizem-me que os meios de comunicação (talvez devam mudar-lhes o nome…) dão (ou fabricam…) as notícias que os consumidores querem ver/ouvir. Se for verdade, as pessoas estão fartas de quem reivindica, mesmo que justamente. E todos estão fartos de todos, repito, pelo que os poderes podem esmagar ou ignorar quem protesta, com o apoio (no mínimo) consentido dos restantes. Chegámos aqui. Pela minha parte discordo, porque tenho outra ordem de prioridades e porque ajudo a pagar os meios de comunicação do estado com os meus impostos. Mas o problema vai para além disso. O meu portal de acesso à rede, por exemplo, também não faz chamadas relevantes para os assuntos que me interessam.
Resta-me a solidão destes escritos e o olvido sob que repousarão.
José Batista d’Ascenção
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