Para alunos de biologia de 12º ano de escolaridade
Gregor Mendel nasceu em 1822 numa região que pertencia à Áustria, na cidade de Heizendorf, e que hoje pertence à República Checa. Foi padre, mas a atividade a que mais se dedicou foi a de professor do ensino liceal, atual ensino secundário.
Em 1840, tirou o curso dos liceus (atuais escolas secundárias) e depois pretendeu entrar para a Universidade, mas não tinha recursos para prosseguir estudos. Um professor sugeriu-lhe então que entrasse para um convento para que pudesse continuar a estudar.
Em 1843, entrou para um convento, em Brünn (Brno, em português), passando a chamar-se Gregor (o seu nome de nascença era João, João Mendel). Nesse convento fez estudos de Teologia e simultaneamente também estudou no liceu local, que era um liceu clerical.
Em 1849 ficou como professor no liceu da localidade, onde ensinou grego e matemática.
Em 1850 foi fazer exame para professor efetivo do ensino secundário, mas desistiu.
Em 1851, o superior do convento chegou à conclusão de que Mendel tinha qualidades excecionais para o estudo de Ciências Naturais e mandou-o estudar para a Universidade de Viena. Tinha então 29 anos. Aí tirou o curso que hoje poderíamos fazer corresponder ao de Biologia.
Em 1853 regressou à sua cidade – Brünn, e, como professor não efetivo, ensinou Ciências Naturais no liceu.
Em 1856 apresentou-se de novo a exame para professor efetivo do ensino secundário, mas tornou a desistir. Até 1858 ensinou no liceu de Brünn.
As suas experiências sobre hereditariedade foram iniciadas em 1862 no jardim do convento e foram realizadas com ervilheiras da espécie Pisum sativum, durante quatro anos. Em 1866, Mendel analisou os resultados dessas experiências e apresentou-os num trabalho intitulado “Experiências de Hibridação nas Plantas”, trabalho que contém as leis da hereditariedade. Nesse título, Mendel mostrou-se modesto, pois podia ter escolhido outro com mais impacto, como por exemplo: “Descoberta das Leis da Hereditariedade”.
A publicação do trabalho de Mendel foi feita numa revista local de Ciências Naturais sem grande importância. Daí que, durante mais de 30 anos, esse trabalho se tivesse mantido desconhecido. Devido à sua pequena divulgação, os autores contemporâneos de Mendel desconheciam-no, como era o caso de Charles Darwin (mais velho do que Mendel 13 anos – nasceu em 1809 - e que morreu 2 anos antes dele, em 1882).
Em 1868, Mendel foi nomeado abade do convento e quase suspendeu as suas experiências. Em 1871 viria a trabalhar com outra planta, a Hieracium pilosella, tendo obtido resultados que não conseguiu interpretar...
A atividade experimental de Mendel durou apenas nove anos, de 1862 a 1871, e o período mais importante decorreu entre 1862 e 1866.
Mendel tinha uma boa preparação matemática e tinha lido os trabalhos de outros autores sobre hereditariedade [casos de Georg Heinrich Koelreuter (alemão), Karl Friedrich von Gaertner (alemão), Charles Naudin (francês) e Darwin], pelo que possuía muitos elementos que lhe foram úteis e justificam o seu êxito. Outro aspeto que também lhe foi favorável foi o facto de ter escolhido uma planta que tinha todas as vantagens para o tipo de experiências a que se propusera.
Em 1884 morreu com 62 anos.
Os naturalistas contemporâneos de Mendel não compreenderam o seu grande mérito científico. Só em 1900, três investigadores redescobriram os seus trabalhos, de forma simultânea e independente. Foram eles o holandês Hugo de Vries, o alemão Carl Correns e o austríaco Tschermak-Seysenegg. Realizando estudos sobre variabilidade de plantas, ao lerem a obra de Gregor Mendel, reconheceram a sua importância para a interpretação dos dados que haviam obtido. As leis da hereditariedade foram redescobertas e divulgadas. Com cavalheirismo científico, aqueles investigadores resgataram o defunto monge do anonimato e elevaram-no à merecida condição de «pai das leis da hereditariedade».
José Batista d'Ascenção