Entre os professores (do ensino básico e secundário) quase não há jovens. Falta na classe docente a energia e a disponibilidade da gente nova e sobra o cansaço e a falta de optimismo de professores curvados ao peso de certo marasmo e decepção, mais do que à usura do tempo/idade. Estes, os mais velhos, são (somos) quase todos. Estão (estamos) entre os cinquenta e cinco e os sessenta e cinco anos e muitos deles (de nós) têm aspecto de (ainda) mais velhos. Mas não estão (estamos) irremediavelmente gastos. Prova-o o rejuvenescimento “automático” de quantos aguentam o suficiente para “saltarem” para a aposentação antes de atingirem o ponto de não retorno da ruína física e/ou psicológica. E são muitos, felizmente.
O “convite” a que permaneçam no activo para além da idade da reforma convence percentualmente poucos, e esses poucos talvez não se mantenham na profissão ou regressem a ela propriamente por se deixarem convencer…
A carência de professores vocacionados, motivados e bem preparados devia dar que pensar. A profissão, que é em si muito bela e nobre, não o é na prática. E pagamo-lo caro. Demasiado caro. Quanto, não me perguntem.
Eu estou relativamente perto do fim do percurso. Agradeço aos muito bons professores que tive o privilégio de ter e aos bons colegas com quem trabalhei e trabalho. E felicito os que no presente estão merecidamente na profissão.
Inspirado nuns e apoiado noutros tentarei levar a bom termo mais um ano lectivo.
Os alunos merecem-no.
José Batista d’Ascenção